Entenda o que é e qual a importância do "teste da orelhinha"

Entenda o que é e qual a importância do “teste da orelhinha”

teste da orelinha



Photo by Solen Feyissa on Unsplash

O teste de orelhinha é um dos primeiros exames que um bebê deve fazer depois do nascimento. Gratuito e obrigatório em todas as maternidades, o teste deve ser realizado durante os primeiros 30 dias de vida.

Segundo Renata Garrafa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, um grau mínimo de perda da capacidade auditiva pode interferir no desenvolvimento da linguagem e na compreensão das informações sonoras que a criança recebe, impactando na interação social e na aprendizagem.

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E a audição é importante desde a gestação. “É a partir dos sons do corpo da mãe, seus batimentos cardíacos e, também, da sua voz que o bebê começa a trilhar seu longo caminho de aprendizados”, diz a médica.

Por isso é importante detectar precocemente qualquer problema auditivo e iniciar um possível tratamento o quanto antes.

Como é feito o teste?

Uma é colocada na orelha do bebê, junto de um alto falante e um pequeno microfone. Ele emite sons enquanto um computador captura e analisa o eco produzido sem que a criança sinta qualquer tipo de incômodo.

Segundo Renata, cerca de 50% das crianças sem risco conhecido para perda auditiva podem, mesmo assim, apresentar algum grau de perda de audição.

Por conta desse índice elevado, é crucial realizar a triagem auditiva em todos os bebês. Caso haja alguma perda auditiva, ela poderá ser tratada o mais precocemente possível, evitando prejuízos no seu desenvolvimento deste sentido.

De acordo com a otorrinolaringologista, todos os sons que ouvimos ajudam na formação de um sistema sensorial auditivo, que atua no nosso sistema nervoso central. “Quando a privação auditiva não é tratada logo nos primeiros anos de vida, esse sistema fica impedido de se formar, um efeito colateral que pode ser irrecuperável na vida adulta”, diz.

Vale lembrar que existem alguns fatores de risco conhecidos para perda auditiva, como infecções congênitas (rubéola e citomegalovírus, por exemplo), necessidade de UTI por mais de 5 dias, uso de medicações ototóxicas, ou seja, tóxicas para o órgão auditivo, entre outras.

Nesses casos, é recomendado também realizar a triagem auditiva com o Exame de Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (conhecido como PEATE/ BERA). Esse teste pode detectar a menor intensidade de som percebida pela orelha.

“O mais importante é que os pais atentem para a realização do teste logo no primeiro mês de vida do bebê, preferencialmente antes mesmo da alta da maternidade. O procedimento é extremamente simples e fará toda a diferença no desenvolvimento físico e emocional da criança”, recomenda Renata.

A médica ainda alerta que, caso o resultado do teste da orelhinha feito na maternidade seja inconsistente, apresente dúvidas ou alguma anormalidade, é importante buscar a ajuda de um especialista, que poderá realizar um exame mais completo em clínicas especializadas.

E se der alterado?

Se for detectada uma perda auditiva, cada caso requer um tratamento específico, seja pelo tipo de perda, seja por sua intensidade. Por exemplo, se em uma criança sem fator de risco pra perda auditiva o teste der alterado, é necessário repetir o exame após um mês.

Caso o resultado apresente alteração novamente, o especialista deve solicitar um outro exame, chamado BERA/PEATE (Exame de Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico), para identificar de forma precisa o diagnóstico e determinar o tratamento.

O BERA determina o limiar que a criança escuta e identificar se a perda auditiva é leve, moderada, acentuada ou até se é o caso de uma surdez completa.

Segundo Renata Garrafa, as perdas podem ser de dois tipos: condutivas, quando a criança tem capacidade para escutar, mas a passagem do som está comprometida, ou neurossensorial, quando a capacidade de escutar está comprometida por problema coclear ou de condução nervosa.

Para cada caso, há um direcionamento, como o uso de aparelho de audição. Em outros casos, pode ser indicado realizar uma cirurgia, por exemplo.

É possível reverter a perda auditiva?

Novamente, segundo a otorrinolaringologista, depende do caso e da intensidade. O diagnóstico precoce fará toda a diferença no tratamento, por isso é tão importante testar tão cedo. Por exemplo, quando consideramos um dos casos mais graves que pode acometer a criança – a perda neurossensorial acentuada, ou anacusia (surdez total), há uma cirurgia que pode reverter o problema, chamada implante coclear. “No entanto, essa cirurgia tem que ser feita, no máximo, até a criança completar 4 anos de idade”, diz Renata. Isso porque a criança aprende a escutar nesse período. Passado esse tempo, a cirurgia não tem mais a mesma eficácia e pode até mesmo não trazer resultados.

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